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Entre todos os animes que se mantiveram relevantes ao longo de décadas, o sucesso contínuo de Sword Art Online talvez seja o mais surpreendente pra mim. Afinal, para um título cujo consenso sobre é que ele alcançou o seu pico em seu primeiro arco e foi perdendo gás ao longo das temporadas subsequentes, o fato dele ser um fenômeno duradouro que se mantém popular até hoje é algo no mínimo inesperado.
Claro, parte desse sucesso foi o fato do jogo ter sido lançado e capturado um momento muito específico na cultura popular em que isekais vinham começando a ganhar espaço entre animes, antes deles basicamente dominarem o mainstream ao ponto de quase sufocá-lo, com o interesse em jogos online e VRs também em alta.
E isso levou a criação de personagens que se tornaram populares e queridos entre fãs que, com o crescimento do universo de SAO nos videogames, foram aos poucos podendo não só reviver suas experiências em diferentes universos da franquia, mas controlar diferentes membros do enorme grupo de heróis, mesmo que, eventualmente, tudo sempre volte para o Kirito. Mas não em Sword Art Online: Fractured Daydream, novo jogo da franquia desenvolvido pela Dimps, velhos conhecidos da franquia com Sword Art Online: Fatal Bullet.
Fractured Daydream é um passo em uma direção bem mais interessante para a franquia nessa mídia. Embora retorne inicialmente ao não tão querido universo de Alfheim Online, o jogo traz uma excelente combinação entre uma campanha principal com uma narrativa inédita e um maior foco no modo online, com missões cooperativas para até 20 jogadores ao mesmo tempo.
A história gira em torno de uma nova atualização para o sistema de VR do universo de SAO chamado de Galaxia. Essa nova atualização mistura o que há de mais avançado em VR e AI para permitir aos jogadores revisitarem suas lembranças o que, naturalmente, acaba dando errado graças a uma invasão de uma vilã não muito bem intencionada. Isso faz com que diferentes personagens de todos os universos já visitados se vejam forçados a trabalhar em conjunto para resolver esse problema que, mais uma vez, ameaça a própria existência do mundo.
A narrativa como um todo é bem familiar e se assemelha a qualquer jogo de crossover de diferentes universos que você já viu por aí, como um Warriors Orochi, por exemplo, construindo muito sobre essas primeiras interações entre personagens de diferentes arcos ou heróis tendo que enfrentar novamente vilões que já haviam sido dados como derrotados. É bem interessante e lotada de fanservice, então se você é fã de SAO, ele é um prato cheio para você nesse sentido.
O único problema é que a história, fora do fanservice, não é lá grande coisa. A aparição dos vilões raramente tem alguma conexão com algo e o porquê de alguns deles mudarem de lado e se tornarem aliados do grupo também não faz muito sentido, virando mero alívio cômico quando eram supostas grandes ameaças. Assim, não espere grande coisa da história singleplayer, já que são realmente mais por essas cenas de fanservice e para desbloquear novos personagens.
O jogo conta com um elenco de mais de 20 personagens de diferentes arcos, incluindo o SAO original, ALO, GGO, Ordinal Scale e Underworld, todos divididos entre uma de cinco classes diferentes, todas com suas próprias vantagens e desvantagens, dando uma maior liberdade ao jogador para escolher o personagem que melhor se adaptar ao seu estilo de jogo.
A estrutura das missões, no geral, são bem repetitivas, envolvendo geralmente encontrar certos itens, derrotar um grupo exato de inimigos, derrotar um mini-chefe ou, em certas missões especiais, derrotar um chefe final maior. É algo bem típico do que se veria num MMO e não há muita variedade no que você encontrará aqui, com o grande objetivo dessas missões sendo farmar pontos para melhorar os seus personagens.
O combate em si é bem direto, com cada personagem possuindo um ataque principal, um ataque forte, ataques especiais e um ataque supremo. Ao longo das missões você poderá equipar diferentes itens que vão te dando bônus e melhorando diferentes estatísticas dos seus personagens e tornando mais fácil completar missões mais difíceis. É um looping normal para um jogo online e que, em sua base, funciona.
O foco central da experiência, no entanto, é o modo online e ele é construído com base em dois tipos diferentes de missões: o modo livre que permite que até 20 personagens entrem num mundo aberto consideravelmente grande e explorem essa área livremente por uma certa quantidade de tempo para ganhar novas armas e experiências. É funcional, mas um pouco sem graça, perdendo muito para o modo central aqui: o modo cooperativo.
Nele, os 20 jogadores participam de uma missão dividida em 03 rodadas. A primeira te coloca em um grupo aleatório com mais três jogadores e precisam completar uma missão simples como derrotar um certo inimigo ou completar a exploração de uma dungeon. A segunda rodada é uma missão de proteção de base na qual todos os 20 personagens precisam derrotar sucessivas ondas de inimigos até alcançar o terceiro round que é uma batalha contra um chefe gigante.
A experiência online como um todo é muito boa, com raros problemas de conexão surgindo e, mesmo assim, sendo insuficientes para atrapalhar a jogatina. Apesar de ser todo cooperativo, existem vantagens em ser o melhor jogador, com o MVP recebendo recompensas melhores, como armas e equipamentos lendários, além de bônus de experiência que te permitem customizar e melhorar o seu personagem como você quiser.
A grande questão com o jogo é que, com o seu enorme foco na questão online, o jogo tem um sistema de monetização bem agressivo e similar ao que se esperaria de um jogo free-to-play, com passe de batalha para ganhar itens cosméticos exclusivos. É possível ganhar bastante coisa jogando normalmente, mas isso exigirá dedicação para ir bem na sua jornada. Cabe lembrar aqui que tudo que é ganho na campanha é utilizável no online e vice-versa, então há um incentivo do jogo para alternar entre os dois modos, desbloqueando novos personagens, os evoluindo e então os usando na campanha e por aí vai.
No geral, Sword Art Online: Fractured Daydream é um jogo bem competente da franquia, com alguns problemas como a monetização agressiva e alguns cenários repetitivos e um jogo visualmente bem simples, mas um título que deve agradar aos fãs franquia. Para uma primeira tentativa em um jogo majoritariamente online, ele acaba pecando pela sua simplicidade, mas uma simplicidade que funciona.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.